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Boletim de Comércio Exterior da Região Intermediária de Uberlândia – junho de 2023

Região exibiu queda de 4,97% do valor exportado no 1º semestre de 2023
por Henrique
Publicado: 19/07/2023 - 16:28
Última modificação: 16/10/2023 - 09:05

No Boletim de Comércio Exterior da Região Intermediária de Uberlândia (RGInt) do 1º semestre de 2023 (1ºS de 2023), é visto que as exportações da Região (US$ 1,47 bilhão, R$ 5,51 bilhões) foram 4,97% inferiores às exportações (em dólares) no 1ºS de 2022. Para as quantidades exportadas (2,05 milhões de toneladas), essas foram 9,75% superiores às negociadas no primeiro semestre de 2022, e as maiores da série história (desde 1997). Em valor, o número foi o segundo maior da série.


Pelo Índice calculado, que trata dos preços, das quantidades e do valor, a redução do valor exportado da RGInt no primeiro semestre se deu, principalmente, pela queda dos preços (-14,08%), mas, também, pela queda da quantidade exportada de produtos que têm um maior preço (comparativamente à média de preços dos produtos exportados pela RGInt).

Dos vinte e quatro municípios que compõem a Região, Uberlândia (US$ 591,25 milhões) e Araguari (US$ 381,15 milhões), nessa ordem, foram os maiores exportadores, concentrando 66,17% do valor total no período. Para a elevação do valor exportado nesse ínterim, destaca-se o município de Indianópolis (impacto de 13,18 p.p. sobre o valor total). Em relação às quedas, destaca-se a forte redução (em US$) das vendas de Uberlândia (impacto de -10,53 p.p.) e de Araguari (impacto de -9,12 p.p.), que também ocorreu em quantidade, ainda que em taxa menos expressiva para as quantidades de Araguari.


Dos 181 produtos exportados pela RGInt no 1ºS de 2023, a Soja foi o principal, concentrando 44,76% (US$ 657,76 milhões). Dentre os produtos que puxaram a elevação do valor exportado nesse período, destaca-se, preponderantemente, Pasta Química de Madeira (US$ 205,33 milhões), que demonstrou impacto de 13,18 p.p. (em relação à taxa de variação total). Por outro lado, Soja e Carne Bovina Congelada apresentaram quedas expressivas nesse mesmo período (impactos de -9,52 p.p. e -6,97 p.p., respectivamente). O aumento do valor exportado de Pasta Química de Madeira foi impulsionado tanto pela elevação das suas quantidades quanto dos seus preços, mas principalmente pela quantidade. Do mesmo modo, mas no sentido contrário, aconteceu para Soja e Carne Bovina Congelada, cujas quedas em quantidade foram menos acentuadas.

Dentre os principais resultados para os produtos exportados por município no 1ºS de 2023, destacam-se o aumento das vendas de Pasta Química de Madeira por Indianópolis (impacto de 13,18 p.p.), as quedas de Soja por Uberlândia (impacto de -10,00 p.p.), e Carne Bovina Congelada por Ituiutaba (impacto de -3,52 p.p.) e Araguari (impacto de -3,45 p.p.).


Para o valor e a quantidade exportada pelo Brasil, dos mesmos principais produtos vendidos ao exterior pela Região, ressalta-se que o 1ºS de 2023 foi de variação positiva do valor (7,19%) e da quantidade exportada (21,02%) em relação ao 1ºS de 2022, diferente da dinâmica apresentada pela RGInt de Uberlândia. Para a análise dos produtos em separado, destaca-se que, enquanto a RGInt exibiu redução do valor e da quantidade exportada de Soja, o Brasil como um todo demonstrou expansão. Para a Carne Bovina Congelada, ambos apresentaram redução, mas sendo essa mais forte para o caso da Região.

No 1ºS de 2023, os exportadores da Região Intermediária de Uberlândia negociaram com 104 diferentes países, sendo a China a maior compradora (valor total de US$ 850,16 milhões e 57,85% das exportações totais), mas também foi o principal vetor de redução do valor exportado da RGInt no período (impacto de -9,29 p.p.). No mesmo sentido, as quedas das vendas de Soja (impacto de -14,60 p.p.) e Carne Bovina Congelada (impacto de -6,21 p.p.) ocorreram, sobretudo, para a China, ainda que o aumento das vendas de Pasta Química de Madeira (impacto de 10,37 p.p.) também tenha ocorrido para esse país.

Para a análise por Fator Agregado, viu-se que os produtos classificados como Básicos foram os principais exportados (72,78%), e, pela Classificação Internacional Padrão por Atividade Econômica (SIIT), a maior parte foi da Indústria de Transformação de Baixa Tecnologia (48,67% do valor total).

Quanto às importações (US$ 263,02 milhões), essas apresentaram valores (nominais) 19,94% inferiores às importações no 1ºS de 2022. Para o volume importado, na quantidade de 346,64 mil toneladas (aumento de 3,53%), é verificado que esse superou todos os anos da série histórica (desde 1997). Em relação ao PIB da Região, as importações corresponderam a 2,27%.

Dos 24 municípios da Região, 11 importaram no 1ºS de 2023, sendo que Araguari (US$ 146,13 milhões) e Uberlândia (US$ 110,54 milhões) concentraram quase a totalidade das importações em valor (97,59%). Do mesmo modo, a redução das importações foi efetivada, sobretudo, pela queda das compras de Araguari (impacto de -19,19 p.p. sobre a taxa de variação total). Todavia, essa redução ocorreu apenas em valor, uma vez que em quantidade as compras desse município aumentaram 4,13%.

Dos 325 produtos importados pela RGInt no 1ºS de 2023, os 16 principais produtos concentraram 78,69% do valor total, sendo Arroz (US$ 51,29 milhões), Outros Fertilizantes (US$ 40,47 milhões) e Fertilizantes Azotados (US$ 26,73 milhões) os três principais produtos importados (45,05% do valor total). Enquanto Arroz foi o produto que mais impulsionou o valor das importações (impacto de 6,71 p.p.), Fertilizantes Potássicos e Outros Fertilizantes impactaram fortemente na redução do valor das compras externas (impactos de -15,79 p.p. e -7,57 p.p., respectivamente). Todavia, em quantidade, a queda das importações de Outros Fertilizantes foi bem menor, o que se deve à forte redução dos preços dos fertilizantes em geral no período.

Dentre os principais resultados para os produtos importados por município, no 1ºS de 2023, destacam-se, principalmente, o aumento das compras de Arroz (impacto de 4,81 p.p.) e as reduções de Fertilizantes Potássicos (impacto de -14,35 p.p.) e Outros Fertilizantes (impacto de -8,53 p.p.) por Araguari.

No 1ºS de 2023, os importadores da RGInt negociaram com 70 diferentes países, sendo Paraguai (US$ 65,89 milhões) e Rússia (US$ 57,47 milhões) os principais parceiros, concentrando 25,05% e 24,85% das importações totais. Também foram desses países os principais resultados, com impacto de 3,70 p.p. pelo Paraguai e -14,63 p.p. pela Rússia. O aumento das compras do Paraguai se deve, principalmente, à aquisição de Arroz (impacto de 5,37 p.p.), enquanto a redução das aquisições de Fertilizantes Potássicos (-10,05 p.p.) e Outros Fertilizantes (-5,65 p.p.) adveio, principalmente, da Rússia.

Por Fator Agregado, os produtos classificados como Manufaturados foram os principais importados pela Intermediária de Uberlândia (48,68% das importações totais), e pela Classificação Internacional Padrão por Atividade Econômica (SIIT), os produtos classificados em Produto da Indústria de Transformação de Média-Alta Tecnologia foram os mais importados (43,09% das importações totais).

Destarte, as exportações da RGInt de Uberlândia destoaram das exportações do resto do Brasil e das condições mundiais que mais lhes importam (oferta e demanda dos seus principais produtos exportados), sobretudo para o caso da Soja, apresentando, a Região, queda das exportações num cenário favorável para essas. Por outro lado, as vendas de Soja, em quantidade, foram inferiores apenas ao 1ºS de 2022 e 2020.

Para a Carne Bovina Congelada, seus números foram apenas menores em relação ao 1ºS de 2022, ainda que, também, o cenário mundial para essa proteína tenha sido desfavorável. Outros vetores negativos para as exportações totais foram a queda dos preços dos produtos exportados e a pequena valorização do real frente ao dólar, enquanto a queda dos preços dos insumos agropecuários remediou, em parte, essas perdas.

Quanto às importações, observa-se que as variações e os valores mais expressivos estão relacionados, sobretudo, a produtos ligados ao setor exportador da Região, como o caso dos fertilizantes, que são insumos agrícolas, e demonstraram forte redução do valor importado, sobretudo pela queda dos seus preços.

 

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Henrique Ferreira de Souza

Doutor em Economia e Economista/Pesquisador do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais (CEPES)
Instituto de Economia e Relações Internacionais (IERI)
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

 

 

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